Capítulo 1 - Good vibes

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Londres, Inglaterra

Julho de 2018

Amber

Nunca se sabe com quem podemos esbarrar durante um passeio despretensioso com seu pet em um novo bairro. Seja uma vizinha atleta na corrida matinal, um senhor de meia idade ainda com o velho hábito de comprar jornal na banca ou o futuro amor da sua vida.

Meu nome é Amber e eu nasci na ensolarada Califórnia, mais precisamente em São Francisco, onde fui criada. Trabalhei desde o início dos anos 2000 em empresas de tecnologia do Vale do Silício e sempre gostei muito de café. Ou melhor, café e gin.

Tinha planos de abrir meu próprio negócio e levar a vida de uma forma mais sossegada, menos stress, sem metas inalcançáveis e, mais importante, sem peso na consciência por desenvolver estratégias para tornar as pessoas cada vez mais dependentes e viciadas nas redes.

Uma amiga que morava em Londres tinha um plano bem desenhado para abrir seu próprio café. Com base em minha experiência em gestão, vi seu projeto como uma forma de mudar meu estilo de vida, desacelerar e ainda assim gerar renda. Diana era especialista em café e nosso conhecimento somado daria uma bela parceria. Foi então que decidi me mudar para Kensington, Londres.

Jackie era minha companheira, uma Golden Retriever que me acompanhava desde o início de um longo namoro com um cara chamado Frank. Ela entrou na minha vida no meu aniversário de 27 anos, como um presente, e afirmo com toda certeza, que foi a única coisa boa que aquele relacionamento me deixou. Jackie era doce e esperta. Eu poderia deixar tudo para trás em São Francisco, menos ela.

Ainda sem rotina definida, procurava conhecer meu novo bairro, os cafés da cidade e os melhores bares para buscar referências para o nosso negócio. Admito que a parte do bar era por interesse pessoal. Eu sou louca por gin tônica e não existe lugar melhor para experimentar a bebida do que Londres.

Eu saía com Jackie em diferentes horários para me exercitar e conhecer as ruas que rodeiam meu novo endereço. Em uma dessas caminhadas, tive um agradável encontro com o amigo humano de um cão da raça Akita Americano. Cruzamos o caminho pela calçada e nossos pets começaram a se cheirar e a brincar bem ali. Quando considerei ter passado tempo suficiente naquela interação, tentei seguir a caminhada. O dono do cão percebeu meu movimento e tentou fazer o mesmo, sem sucesso. Sem que houvesse o que fazer, ficamos ali observando-os interagir um pouco mais. Então, tentei quebrar o gelo.

- Ele é lindo! Qual o nome?

- Kal. - disse o moço.

Seu dono tinha lindos olhos azuis sob a sombra da aba do boné.

- Essa é a Jackie. Acho que eles já se apresentaram, só faltou dizerem o nome.

- Não pude deixar de notar seu sotaque - nem eu o dele! - Você não é daqui?

- Não. Mudei há pouco tempo. Sou da Califórnia.

- Ah, legal. Gostando de Londres? - ele perguntou.

- Impossível não gostar. Tem o que eu preciso pra viver em paz. Bom, já que sabemos o nome dos nossos amigos peludos, convém me apresentar. Sou Amber Lee. Prazer! - ele apertou minha mão estendida.

- Igualmente, Amber. Sou Henry. - Tudo o que ele tinha falado até então tinha me deixado encantada com seu sotaque e voz, mas ouvir meu nome daquele jeito realmente foi especial.

Jackie subitamente perdeu o interesse em Kal e começou a me puxar para frente, no sentido contrário que Henry seguia antes de parar. Notando sua agitação, ele conduziu a breve conversa para o final.

Thanks, KalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora